“Quase dois irmãos” tem trilha sonora assinada por Naná Vasconcelos. Filho de um violonista de Recife, Naná teve influências musicais de Villa-Lobos a Jimi Hendrix. Especializou-se em instrumentos de percussão brasileiros, particularmente o berimbau. Depois de tocar por algum tempo em cabarés e bandas de Recife, mudou-se em 1966 para o Rio de Janeiro, onde conheceu Luiz Eça, Wilson das Neves, Gilberto Gil, e passou a acompanhar Milton Nascimento e o Som Imaginário. Em 1970 foi convidado para integrar a turnê do saxofonista argentino Gato Barbieri pelos Estados Unidos e Europa. Naná radicou-se em Paris, onde gravou seu primeiro disco, "Áfricadeus". Nos anos 70, tocou com grandes nomes da música internacional, como Pat Metheny, B.B. King e Paul Simon e participou de trilhas sonoras para cinema ("Down By Law", de Jim Jarmush)

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Segundo Naná Vasconcellos, “Quase dois irmãos” é, basicamente, um filme de amizade e de amor. “É uma história delicada que fala do amor entre dois amigos. Eu tive de mergulhar nesse universo para compor, cena a cena, uma música que retratasse essa história de amor e amizade e para transmitir musicalmente o sentimento do filme”, aponta o instrumentista. “E nesse sentido, acho o resultado da música dentro do filme maravilhoso”.

O processo de produção foi ágil e as músicas foram gravadas em apenas dois dias. “Eu e Lúcia conversamos bastante, trocamos muitas idéias e batemos cabeça. Quando entrei no estúdio tudo já estava praticamente pensado, já sentia a alma do filme. Tinha muito claro o sentimento que queria dar àquela história”. A princípio, o tema não tinha letra, mas Naná acabou compondo alguns versos. “Apesar de não ser um poeta, percebi a necessidade daquela música ter uma letra. Os versos que escrevi, de certa maneira, contam a história do filme”, disse Naná.

Segundo ele, a parceria com Lúcia Murat foi extremamente prazerosa porque a diretora tinha muita segurança do que queria. “O trabalho correu fácil porque ela sempre sabia exatamente o que queria e conseguiu dar ao filme uma característica muito orgânica”. Naná explica que “Quase dois irmãos” é um filme de linhas retas, de ação, e que a música entrou para arredondar, para suavizar a narrativa.

Ele aponta ainda para a atualidade da história. “É um trabalho muito verdadeiro. O filme fala de uma situação realista e atual e que resgata politicamente um dos períodos mais difíceis do Brasil - a ditadura. Mas, o que mais me impressiona no trabalho do ‘Quase dois irmãos’ é que o filme consegue falar disso tudo através de uma história de amor. Acho importante que todos no Brasil vejam esse filme”, afirma Naná.