Quando chegamos na reserva pela primeira vez em 1995 já havia uma igreja evangélica. Era pequena, de madeira, coordenada por uma portuguesa que morava lá e por um pastor alemão, que ia de vez em quando. A importância dessa igreja para a comunidade era grande. Eram eles que atuavam como enfermeiros e davam assistência médica quando a Funai nada fazia nessa (e outras) áreas.
Todos tinham uma relação de muito respeito com a igreja, particularmente com a missionária portuguesa, que era enfermeira de formação. Foram esses missionários também os primeiros a verterem para o Kadiwéu várias rezas e cantos cristãos.
Quase 20 anos depois, a situação atual é bem diferente. Praticamente todos os Kadiwéu se consideram evangélicos e existem cinco igrejas instaladas na reserva. Algumas bem conservadoras, que proíbem danças e qualquer ritual. A igreja dos primeiros missionários é hoje uma construção de alvenaria, e tem como pastor um dos personagens do filme (Hilário Silva), que junto com Reinaldo (também entrevistado) foram responsáveis por uma tradução da bíblia em Kadiwéu.