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Cantor e compositor dos mais importantes da música popular brasileira, Luis Melodia faz seu primeiro trabalho como ator em "Quase Dois Irmãos". Seu personagem, Jorge, pai de Jorginho, sambista e compositor nos anos 50, representa o melhor do chamado samba de morro, obrigado a vender suas músicas, pois não tinha espaço para ser gravado.
Como é seu personagem em "Quase Dois Irmãos"?
Interpreto Jorge, um músico/sambista. Fazer esse trabalho foi realmente uma benção já que interpreto um homem, que como eu, tem na música a inspiração para a vida. O Jorge faz o que eu mais gosto de fazer na vida: ser compositor, cantar. Nesse sentido, fazer o filme foi um grande prazer.
Fiquei muito à vontade nessa interpretação. Eu sou o S. Jorge e mostro a música para meu camarada, Miguel. Faço sua introdução no mundo do samba da década de 50. Todo o trabalho com a Lúcia Murat também foi fantástico e contribuiu para que eu pudesse me sentir confortável nessa primeira atuação como ator. Essa experiência no cinema está sendo uma grande curtição. Estou felicíssimo.
Fale um pouco sobre o filme
O filme trata de um momento marcante na história do país. E eu acho que é fundamental o ponto de vista que a diretora acentua. O sufoco que a repressão representava para os cidadãos, o autoritarismo, e todo o horror que foi aquela época. Acho que por ser um período tão representativo, deve ser mostrado para todos os brasileiros. Por isso também me sinto tão feliz em ter participado do "Quase Dois Irmãos".
De que maneira você acha que o filme pode levantar a questão do preconceito social?
Essa questão realmente me intriga. É um abuso você lidar com seres humanos, pessoas exatamente iguais a você, mas que insistem em te tratar com indiferença. Acho que o momento retratado na primeira parte do filme, quando o negro tinha que entrar pelos fundos, ainda guarda seus resquícios no presente. É importante que o cinema nacional mostre isso, leve isso às telas, mesmo que através de ficção.
Eu, por exemplo não tenho uma memória sadia do que acontecia quando era criança. Acho que as coisas melhoraram, mas o preconceito, de maneira geral, ainda persiste. Nesse sentido, acho que o filme tem o papel fundamental de mostrar um pouco a trajetória distinta de dois brasileiros de classes e raças diferentes que encontram na vida, oportunidades distintas.
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